Especialista de Roraima, a psicopedagoga Jussara Barbosa, esclarece as principais dúvidas sobre o TEA
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que até 2% da população mundial pode ter algum grau de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Por falta de conhecimento, muitas pessoas têm dúvidas sobre a deficiência e isso acaba gerando muitos mitos acerca do tema.
Pensando nisso, o Roraima contra Mentira conversou com a psiscopedagoga Jussara Barbosa para esclarecer Mitos e Verdades sobre o Autismo.
O primeiro deles é que o autista tem dificuldade em olhar nos olhos. Em alguns casos, é verdade. “A dificuldade não é olhar para a pessoa, mas olhar para o externo que é uma questão neurológica e que causa uma sensação de desconforto. Por isso é preciso ensinar ainda na infâncoa a criança controlar essa sensação de desconforto”, iniciou.
Isso se dá porque toda parte sensorial da criança do Espectro está alterada tanto para olhar, devido a claridade e aos estímulos do ambiente, quanto ao contato.
“Muitas crianças sentem desconforto diante de um toque na pele ou de aproximação, embora tenha sim o desejo em olhar, em compartilhar e interagir”, acrescentou.
Autistas são agressivos? Isso é mito. “Há alguns níveis de autismos e em todos eles, desde que não haja outras comorbidades, o autismo não é tido como algo agressivo. Possíveis comportamentos agressivos e autolesivos estão relacionados ao desconforto sensorial. Basicamente, é uma maneira de pedir um basta ao excesso de informação que está recebendo”, explicou a psicopedagoga.
Pessoas autistas podem apresentar fala desorganizada? Verdade. A fala considerada desorganizada por aparecer devido à dificuldade de compreensão e comunicação. “Mesmo que a criança tenha um repertório linguístico muito bem desenvolvido, podem apresentar dificuldade em comunicar. Isso porque não percebem o real significado de expressões de linguagem”, disse.
Toda criança autista é insensível? Mito! “Pode acontecer da criança não registrar estímulos sensoriais e parecer que é insensível a uma dor, por exemplo. Não é porque não demonstra que não sinta. Em casos relações interpessoais, pelo fato de a criança autista não conseguir entender expressões, ela pode não observar a tristeza de alguém e parecer insensível. Com a terapia é possível identificar certas linguagens”, destacou Jussara.
A especialista explica que há vários métodos de acompanhamento para pesoas autistas. “Pode ser feito psicoterapia, avaliação neuropsicológica, fonoterapia, terapia sensorial, terapia ocupacional e acompanhamento psiquiátrico em níveis mais elevados. Em alguns casos, as terapias e a frequência são definidas a partir da avaliação do autista. Depende do grau , da faixa de idade e das habilidades que por ventura estejam comprometidas”, concluiu.
Mitos que não se aplicam à realidade
A jornalista Raphaela Queiroz é mãe do Rafael, uma criança autista. Desde quando soube do diagnóstico e começou a pesquisar ou conversar sobre o assunto, se deparou com muitos mitos que não se aplicam à realidade que ela vive com o filho.
“Os mitos que eu ouço é de que a Seletividade Alimentar é frescura e que ele nem parece que tem autismo. Os olhares incrédulos e o julgamento são bem difíceis de sentir, pois as pessoas não entendem quando ele grita em determinados ambientes. Já ouvi dizendo ‘esse menino não para quieto’ ou algo do tipo”, relatou.
Raphaela usa as redes sociais para quebrar muitos tabus acerca do tema, principalmente pelos preconceitos sofridos no dia a dia. “O Rafa é um garotinho muito inteligente e amoroso. Quando ele fica feliz demais, ele pula e fala bem alto. É o meu orgulho”, disse.
Ela destacou a importância de a sociedade se informar sobre o Autismo a fim de acabar com informações falsas que, muitas vezes, podem prejudicar as famílias.
“A importância de se informar sobre Autismo é urgente. Cada vez mais vamos interagir com pessoas dentro do Espectro e conhecer é fundamental para estimular o desenvolvimento das crianças e adolescentes. Também é importante para a sociedade saber conviver e respeitar o outro”, concluiu.